Birras – Porquê isso acontece e como driblar essa fase de maneira mais positiva.
Você tem a sensação de que seu filho era uma criança calma, obediente e sorridente, de repente ela fez 2 anos e parece que foi trocada se transformando numa bomba relógio?
Pode parecer brincadeira, mas a sensação é algo muito parecido com isso, não é?
Saiba que você não esta fazendo nada errado. Isso faz parte do neurodesenvolvimento e você vai entender que é importante para o processo de crescimento.
Vou te falar o porquê isso acontece e te dar algumas dicas de como driblar essa fase de maneira mais positiva.
A cabecinha da criança é como um emaranhado de fios desencapados. Esses fios encostam um no outro e podem dar curtos. Precisamos organizar esse painel de fios, passar fita isolante e dessa forma, o funcionamento desse painel de energia vai ser melhor e mais seguro. Assim é o cérebro da criança. Até 2 anos, ela ainda está emocionalmente bastante fusionada com a sua mãe. Ela até acha que ela e a mãe são a mesma coisa. A mãe é uma extensão do corpo dela.
Por volta dos 2 anos, a criança vai adquirindo maior consciência do “eu”. Eu sou alguém além da minha mãe. Eu sinto, eu penso, eu quero. Mas, eu não sei o que exatamente estou sentindo, ou querendo. As sensações ainda estão muito no corpo. Então, as crianças acabam “explodindo” e por dificuldade de verbalizar, se expressar e organizar seus pensamentos, a ação é se jogar no chão, bater, se machucar. Ou seja, elas transformam em recursos corporais o que o cérebro ainda não conseguiu elaborar.
Nossos filhos estão se entendendo, amadurecendo. Criando a capacidade de se expressar e de se autorregular.
Assim como o eletricista vai organizar o nosso painel de força, os pais irão ajudar os filhos a regular seus sentimentos e ações conforme esses neurônios irão se encapando e formando suas vias cerebrais.
Agora que você já sabe o que está acontecendo vamos para o que fazer!
1. Atenda as necessidades básicas do seu filho. As sensações de fome e sono podem ainda não ser bem entendidas pelo seu filho. A forma de expressar isso pode ser a irritação. Jogar brinquedo, se jogar, chorar. Sabendo disso: se antecipe. Ajuda seu filho a fazer as sonecas quando estiver fora de casa; leve lanches se souber que passará muito tempo fora. Isso já vai ajudar a criança a conseguir se auto-regular.
2. Evite gatilhos. Dificulte o acesso ou retire de perto da criança aquilo que você sabe que ela não pode mexer.
3. Faça combinados e cumpra com os acordos. Exemplo: antes de descer para o parque, avise que o despertador vai tocar 5 minutos antes de ir embora. Faça isso e chegue perto do seu filho avisando-o que a brincadeira está acabando e ele deve começar a finalizar o que iniciou. Quando acabar o tempo, proponha um desafio: “quem consegue colocar o sapato primeiro? Eu ou você?”
4. Utilize de estratégias da disciplina positiva: quando a birra acontecer, acolha a criança e retire ela do local. Utilizar recursos corporais como o abraço pode ajudar. Quando a criança de acalmar diga de forma gentil e firme: “eu sei que você ficou com raiva porque não pode comer o brinquedo, mas isso machuca. Você não pode bater na mamãe. Vamos ver o que você pode fazer quando se sentir com raiva?” e proponha: abraços, pintar, soprar um balão, etc.
Lembrando que educar é trabalhoso, mas necessário e é nossa função.
As mudanças acontecem com a persistência e a consistência das nossas ações e hábitos, mas a recompensa chega e é maravilhosa!
